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Alta carga tributária na indústria e na distribuição onera o valor da cesta básica no Brasil

Segundo análise, efeitos do Custo Brasil em toda cadeia de produção e comercialização de produção gera um efeito cascata, que acaba sendo repassado para o bolso do consumidor final.

Apesar da ligeira desaceleração do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o índice caiu 0,68% em julho – o compilado dos últimos doze meses ainda apresenta alta de 10,07%, segundo dados do IBGE. Isso impacta diretamente nos preços dos produtos da cesta básica que, mesmo com a atual trégua na inflação, deverá sofrer novos reajustes em breve.

As capitais são as que mais sofrem com o aumento nesse valor. Somente em São Paulo, por exemplo, dados do Dieese revelam que a cesta básica chegou a custar mais de R$ 760,00 em julho, diante de um salário-mínimo no valor de R$1.212,00.

Ainda segundo dados do IBGE, do total de 13 alimentos que compõem a cesta básica, 12 deles ficaram mais caros no compilado dos últimos 12 meses. O café moído e a batata-inglesa foram os campeões, com aumento de 58,12% e 66,82%, respectivamente. O arroz foi um dos únicos itens que sofreu queda relevante no acumulado, de -7,93%.

Efeitos em cadeia, até o consumidor


O Brasil conta com uma das maiores cargas tributárias do mundo, e ainda apresenta uma legislação tributária extremamente complexa, a qual inclui inúmeras especificidades e alterações constantes requeridas pelas três instâncias governamentais.

Os setores industrial e comercial são dois dos mais impactados pelo Custo Brasil, tanto do ponto de vista do alto encargo tributário, quanto da complexidade da legislação.

A arrecadação de tributos começa na aquisição de insumos pelas indústrias e agroindústrias, passando por toda a cadeia. Dados do Impostômetro revelam que, em média, 20,43% do preço final dos itens da cesta básica, por exemplo, é composto só por tributos, apesar dos incentivos fiscais concedidos para alguns itens.

“O preço de todo produto que está em uma gôndola é, basicamente, composto pela soma entre custos, margem lucro e tributos. O aumento de custos ocasionados pela inflação, crise geopolítica e repasse de valores pela indústria – que enfrenta dificuldades como escassez de matérias-primas e aumento de preço na logística – gera um efeito cascata, que acaba sendo repassado para o bolso do consumidor final” explica o executivo.

Na tentativa de amenizar a situação, a Abras (Associação Brasileira de Supermercados) reuniu-se com o ministro da Economia, Paulo Guedes, em junho deste ano, propondo a isenção de tributos nos produtos da cesta básica e a desoneração da folha de pagamento.

As propostas seriam uma forma de frear a alta de preços de alimentos no país. Segundo a Abras, os 50 varejistas presentes na reunião se propuseram a repassar ao consumidor qualquer redução na cadeia produtiva.



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