Matéria de 2008 do MEC
Educação a distância ganha força
No Dia Nacional da Educação a Distância, o Ministério da Educação celebra o fortalecimento da modalidade como oferta de qualidade de educação superior. Passados pouco mais de dez anos desde o início do primeiro curso de graduação, oferecido pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), essa forma de ensino evoluiu em vários aspectos. Segundo especialistas, ela se apresenta cada vez mais consolidada no Brasil e vence resistências.
O sistema de educação a distância brasileiro é formado por 109 instituições, das quais 49 particulares e 11 comunitárias e confessionais, além de 49 públicas — universidades e centros federais de educação profissional e tecnológica (Cefets). Nelas estudam 760.599 alunos. Dados do Censo da Educação Superior de 2006 revelam que, de 2003 a 2006, os cursos de graduação cresceram 571%. “A expansão do sistema está acelerada e grande parte dos cursos é realmente muito boa, mas estamos trabalhando num amplo processo de supervisão para que a qualidade seja mantida”, explica o secretário de Educação a Distância, Carlos Eduardo Bielschowsky. Na semana passada, o MEC divulgou a desativação de 1.337 pólos em todo o país.
Em 2007, após discussão com a comunidade, o MEC publicou uma série de referenciais de qualidade para regular o setor. Segundo o professor José Manuel Moran, da Universidade de São Paulo (USP), a educação a distância passou por vários estágios até chegar à atual fase de consolidação. “Primeiro, surgiu o desafio de fazer um curso de graduação. A tecnologia era muito nova. Em seguida, veio a construção de referenciais de qualidade e, agora, a modalidade se tornou de fato uma política pública que está se consolidando com a UAB”, disse, em alusão à Universidade Aberta do Brasil.
Na era da tecnologia, os cursos a distância permitem ao estudante se formar sem sair da cidade onde vive. É o caso de Maria do Socorro Soares Alves Sena, 34 anos, de Carinhanha (BA). A 900 quilômetros de Salvador, a cidade não contava com cursos públicos de graduação até o ano passado. Com o sonho de fazer uma faculdade e impossibilitada de se mudar da cidade, Maria do Socorro é hoje aluna de pedagogia da Universidade de Brasília, que compõe o sistema UAB. “Tenho magistério e sou professora há sete anos, mas o curso já me ajuda a superar as dificuldades que encontro no trabalho”, conta.
Expansão — A UAB surgiu para expandir e interiorizar a oferta de cursos superiores por meio da educação a distância. Uma de suas tarefas é contribuir também para a formação de professores da rede pública, com graduação e especialização. O programa, iniciado em 2006, dispõe hoje de 562 pólos espalhados por todo o país, os quais oferecem mais de 67 mil vagas em cursos de educação superior. Nos pólos, os alunos encontram a infra-estrutura necessária para as atividades presenciais, como laboratórios de informática, biblioteca e tutores. Ao todo, 74 instituições de educação superior integram o sistema.
A professora Magda Adriana Kirsch, 31, também decidiu fazer especialização a distância. Moradora de São Leopoldo (RS), formada em pedagogia, ela é aluna do curso de gestão da escola, oferecido pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos). “Pretendo me candidatar ao cargo de diretora nas próximas eleições”, afirma. Com o curso a distância, ela consegue conciliar o tempo que dedica ao trabalho na escola e a formação continuada.
O professor Oreste Presti, da UFMT, chama a atenção para o bom rendimento dos alunos dos cursos a distância e lembra o resultado do Exame de Desempenho dos Estudantes (Enade) de 2007, em que os alunos desses cursos se saíram melhor em sete das 13 áreas avaliadas pelo Instituto Nacional de Estatutos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
Aluno de contabilidade da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG), Lúcio Vilete considera que o curso a distância foi ótima oportunidade para voltar aos estudos. “É puxado, tem muita leitura e formamos até grupo de estudos para discutir o material”, conta.
O sistema de educação a distância oferece uma variedade de cursos. Os mais procurados são os de administração, pedagogia, ciências contábeis, serviço social, biologia, matemática, história, geografia, ciências sociais, física, filosofia, letras e normal superior.
Mais informações na página eletrônica da Secretaria de Educação a Distância (Seed). Nela também é possível conferir quais instituições, cursos e pólos estão autorizados a funcionar em todo país.
FONTE: MEC
Matéria:
R7.com - 2020
EAD ganha impulso com a suspensão das aulas
O confinamento preventivo em casa, para não se infectar e não ajudar a propagar o novo coronavírus, criou um ponto de inflexão na trajetória do ensino no Brasil. Em 18 de março, o Ministério da Educação publicou a Portaria nº 343, que autoriza “em caráter excepcional” a substituição de aulas presenciais por aulas do modelo educação a distância (EAD) que utilizem tecnologia de informação e comunicação remota em cursos que estavam em andamento.
Paralela a norma do MEC, governadores e prefeitos suspenderam as aulas para evitar o crescimento da covid-19 como já aconteceu na China, Coreia do Sul, Itália, Espanha e nos Estados Unidos.
As iniciativas públicas fizeram com que "diversas instituições adotassem a modalidade EAD [Educação a Distância] literalmente do dia para a noite em cursos presenciais em andamento, inclusive no ensino médio”, registra André Luis Garbulha, especialista há 18 anos na modalidade de ensino e aprendizagem.
“Tivemos que nos adaptar ao esquema de home office [teletrabalho]”, conta Márcio Joaquim dos Santos, coordenador do curso de Recursos Humano da Faculdade Anhanguera Santana, em São Paulo. Segundo ele, graças a ferramentas e plataformas online, tem conseguido manter contato com alunos e professores. Pelo computador em casa ou celular, alunos têm acesso a vídeos, apresentações explicativas de slides, respostas de dúvidas por e-mail e até aula online ao vivo, descreve.
“A EAD se encaixa perfeitamente como solução para a realidade atual. Devido a sua flexibilidade, aos diversos meios de transmissão de conteúdo (vídeos, textos, aplicativos, jogos), aos canais de comunicação existentes, além de beneficiar os diferentes tipos de aprendizagens”, avalia Fábia Kátia Moreira, consultora de EAD e tecnologia internacional, atuando na área há mais de 25 anos.
Para ela, “diante da pandemia da covid-19, mesmo as instituições mais tradicionais e resistentes à EAD estão lançando mão dessa modalidade, senão para oferecer novas possibilidades de aprendizagem aos estudantes, ao menos para garantir o cumprimento dos duzentos dias letivos exigidos em lei.”
“Nesse momento que estamos vivendo, realmente a modalidade está se mostrando uma ótima alternativa, pois possibilita que mesmo estando cada um na sua casa, as pessoas deem continuidade aos estudos, podendo interagir com docentes e colegas de sala”, acrescenta Marcos Lemos, vice-presidente acadêmico da Kroton, que conta com mais de 1.400 polos de ensino de escolas e faculdades pertencentes ao grupo de ensino privado (Anhanguera, Pitágoras, Unime, Uniderp, Unopar, Fama e Unic).
Segundo ele, apesar de ainda haver “claramente distinção entre ensino presencial e a distância no Brasil”, a continuidade do calendário acadêmico deste ano só será possível “graças ao modelo acadêmico e à utilização de recursos de tecnologia e de conteúdos a partir do ambiente virtual de aprendizagem, que já faz parte do dia a dia desses estudantes”. Em diferentes escolas e faculdades, os alunos têm acesso a aulas digitais, deveres de casa, avaliações, pontuações das diferentes atividades e indicadores de acompanhamento.
EAD não é para qualquer um
Fábia Kátia Moreira pondera que a EAD é “uma faca de dois gumes”. Se o curso não for bom, “pode trazer consequências como maior resistência à modalidade [de ensino], falta de credibilidade e má formação”.
Do lado positivo, “se bem programada e executada”, a aprendizagem pode desenvolver habilidades e competências no estudante úteis para toda a vida, como “autonomia, disciplina, organização do tempo, competência de leitura e interpretação, cumprimento de metas e prazos, além do desenvolvimento de habilidades de alta complexidade como compreensão, análise e síntese.”
Pesados prós e contras, a consultora sublinha que “A EAD não é para todos”. A modalidade de ensino e aprendizagem exigem autonomia, disciplina e alta dose de dedicação. “Grande parte dos nossos estudantes, sobretudo do ensino fundamental ainda não está preparada para essa modalidade”, alerta.
O especialista André Luis Garbulha concorda e também afirma que a EAD “não é para todos”. Segundo ele, “ocasionalmente, as pessoas são atraídas para EAD pelo baixo valor das parcelas, mas se esquecem que deve haver um comprometimento individual e até familiar mais profundo com os estudos. Será exigido do aluno disciplina e foco.”
Crescimento da modalidade
A Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes) projeta que em 2023 mais alunos se matricularão em cursos da modalidade de Educação a Distância do que nos presenciais.
O Censo da Educação Superior, realizado pelo Inep/MEC, indica que desde 2016 a matrícula em cursos EAD cresce mais de 5% ao ano, enquanto as inscrições nos cursos presenciais estão em declínio. O censo de 2018, realizado pelo Inep mostrou, pela primeira vez na série histórica, mais vagas ofertadas a distância (7,1 milhões) do que em cursos presenciais (6,3 milhões).
De acordo com os especialistas, o mercado de trabalho absorve a mão de obra bem formada em cursos a distância. “Segundo a Associação Brasileira de Recursos Humanos, a modalidade EAD tem sido tão aceita quanto a presencial. O recrutador não observa a modalidade, mas se a Instituição tem boa avaliação no MEC”, cita Fábia Kátia.
Garbulha aponta vantagens competitivas para quem se formou em EAD: “para concluir uma graduação a distância, habilidades como organização, disciplina, proatividade e foco são altamente desenvolvidas indiretamente, o que não necessariamente ocorre com alunos presenciais”.
Conforme disse à Agência Brasil, “o empregador só sabe que o candidato ou empregado realizou sua graduação ou pós graduação na modalidade EAD se isso for dito em algum momento”. A legislação obriga as instituições a emitir os diplomas e certificados sem que haja qualquer tipo de diferenciação entre os cursos presenciais ou a distância.
Escolha do curso
“Ao escolher um curso de ensino superior, independente da modalidade, é importante procurar conhecer sobre a instituição, verificar informações do curso como, por exemplo, carga horária estimada, programa de disciplinas, sequência de módulos etc. No entanto, mais importante do que isso é ter em mente a qualidade do curso”, recomenda Marcos Lemos.
No caso de cursos formais, como os de graduação em curso superior, Fábia Kátia orienta os interessados “verificar se os conteúdos mínimos exigidos pelo Ministério da Educação [disponíveis nas Diretrizes Curriculares Nacionais] constam no currículo, bem como a avaliação da instituição e do curso no MEC”.
Segundo ela, outro aspecto importante é “a metodologia adotada, pois o material didático oferecido e a tutoria ativa são de suma importância para o processo de aprendizagem”.
A escolha do curso deve ser feita a partir do interesse do aluno e com base em pesquisa. Para André Garbulha, a orientação geral é começar a escolha “verificando no site do Ministério da Educação se a instituição escolhida possui o credenciamento para modalidade EAD”.
O interessado deve buscar informações também com referências no mercado de trabalho e entre alunos da instituição. “Uma instituição tradicional e reconhecida por formar bons profissionais, que ofereça EAD, é uma ótima escolha”, sugere.
A pedido da reportagem, os especialistas indicaram diversas plataformas e instituições onde podem ser encontrados cursos livres e de formação com titulação até de pós-graduação. A seguir a lista em ordem alfabética de instituições com cursos gratuitos em EAD e em português:
Fonte: R7.com
Comentários